OPINIÃO

Ivan Camargo

O ano chega ao fim com notícias animadoras. A Universidade de Brasília recebe o reconhecimento do MEC como uma das melhores do país, com a nota máxima em avaliação criteriosa de seus cursos de graduação e pós-graduação. O resultado, que leva em consideração dados coletados no último triênio, é um estímulo à comunidade acadêmica e mostra que é possível conseguir ainda mais. A UnB tem o capital humano necessário para ser a melhor universidade pública do Brasil.

 

A avaliação do governo se soma a outros bons indicadores obtidos em 2015. Entre eles, o da companhia britânica QS, que insere a Universidade entre as dez melhores da América Latina. O Ranking Universitário Folha incluiu a UnB no top dez das instituições de ensino superior do país, e o Guia do Estudante da Editora Abril concedeu estrelas a 59 de seus cursos de graduação.

 

Esses índices têm ainda mais valor diante da conjuntura econômica do país. As universidades públicas têm sofrido com a escassez de recursos. Muitas delas não conseguem pagar as contas e precisam abrir mão de investimentos necessários para o ensino, a pesquisa e a extensão. Chegar ao fim do ano sem ter entrado em um caos orçamentário é outra conquista da UnB.

 

Com o rigor e o planejamento dos últimos três anos, a universidade da capital manteve a produtividade das áreas acadêmicas e administrativas. Mais que isso, conseguiu refazer contratos de serviços terceirizados e redimensionou gastos, ajustes decisivos para se projetar um 2016 com equilíbrio entre receitas e despesas.

 

A esperança real é de que já no ano que vem a Universidade dê passos adiante para aumentar investimentos em infraestrutura. A proposta de orçamento aprovada no Congresso Nacional traz alento. É importante que os repasses do governo sejam suficientes para a manutenção da Universidade, permitindo que os recursos próprios – obtidos a partir do Cebraspe e de aluguéis, por exemplo – possam ser destinados exclusivamente para investimentos acadêmicos.

 

Melhorar e ampliar a estrutura física da UnB é apenas parte da lista de grandes desafios da instituição. Há também de se manter a disposição em buscar a convivência harmônica nos campi. O zelo pela diversidade cultural, patrimônio intangível da Universidade, é dever de cada um dos segmentos acadêmicos. Esse cuidado se traduz no respeito às pessoas, na conservação dos espaços públicos e na liberdade de se pensar diferente.

 

Garantir um ambiente de paz passa pelo combate à cultura da invasão. Não se pode admitir que grupos encapuzados, sem qualquer representatividade, invadam de maneira arbitrária a Reitoria ou qualquer outra instalação da Universidade. Esse tipo de ação invariavelmente deixa um rastro de violência física e também simbólica. A comunidade acadêmica é quem arca com os prejuízos e com os arranhões na imagem institucional. É preciso pôr fim a esses fatos com a responsabilização de seus autores e deixar claro que tais atitudes são repudiadas pela academia e pela sociedade.

 

Há de se ressaltar que os canais de diálogo entre gestão, estudantes, professores e técnicos estão permanentemente abertos. A UnB é organizada por colegiados com representantes de todos os segmentos. A Universidade conta ainda com dezenas de meios de atendimento em que se pode demandar serviços e manifestar insatisfações, o que inclui o serviço de ouvidoria. Além disso, a estrutura de decanatos, da Vice-Reitoria e da Reitoria está à disposição para tratar de qualquer assunto pertinente ao cotidiano da vida universitária. A amplitude de formas de comunicação evidencia a falta de razoabilidade de atitudes violentas, que felizmente são isoladas.

 

A valorização do corpo de servidores (professores e técnicos) é outro aspecto desafiador que certamente merece mais atenção e traz impactos ao ambiente acadêmico. A Universidade tem investido em cursos de capacitação e ofertado mestrados profissionalizantes que proporcionam aperfeiçoamento e ganho financeiro aos técnico-administrativos, categoria que hoje recebe um dos mais baixos salários do Executivo Federal. Equacionar as questões salariais não é suficiente. É preciso também melhorar o ambiente de trabalho. A Universidade cresceu muito e o espaço físico para as atividades administrativas não acompanhou essa evolução. É urgente a sua ampliação.

 

Os desafios continuam. A UnB segue na sua agenda de conhecimento e inovação, com a vocação permanente de revelar grandes quadros ao país. E os talentos surgem em todas as áreas: ciências, esporte, arte e cultura. O compromisso de cada um da comunidade deve ser o de garantir as condições para que eles despontem.  Mesmo com a clareza de que ainda há muito a se fazer, fechar o ano com tantos bons resultados dá à administração a boa sensação da missão cumprida.

 

Artigo publicado originalmente no jornal Correio Braziliense de 31 de dezembro de 2015.