Nota de repúdio aos cortes orçamentários e em defesa da Ciência

 

O Conselho Universitário (Consuni) da Universidade de Brasília (UnB), na sua reunião de 15 de outubro de 2021, vem manifestar, em defesa da Ciência, o seu repúdio aos sucessivos cortes de recursos destinados aos Ministérios da Ciência e Tecnologia (MCTI) e da Educação (MEC) e ao desmantelamento das suas agências de fomento, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

 

As políticas governamentais de retiradas maciças de recursos financeiros afetam dramaticamente a infraestrutura de pesquisa, formada por laboratórios e espaços de realização de experimentos científicos em todas as áreas do conhecimento, e a formação de pessoas em níveis de graduação e pós-graduação, fundamentais para o desenvolvimento do país. Prejudicam fortemente a internacionalização, pois notícias de descontinuidade nas políticas de apoio à pesquisa afetam a reputação das universidades brasileiras e afastam jovens pesquisadores e estudantes de outros países.

 

A base científica e tecnológica que vem sendo construída no Brasil desde as décadas de 1950, com a criação do CNPq e da Capes, e de 1970, com a criação da Finep, colocou o Brasil entre os maiores produtores acadêmicos em âmbito internacional a partir dos anos 2000. No século XXI, não se pode prescindir das universidades públicas que, nos países da América Latina, são as instituições que viabilizam a produção do conhecimento de excelência.

 

O Brasil precisa do trabalho de cientistas em todas as áreas, para responder aos grandes problemas nacionais e internacionais, como as mudanças climáticas, a produção de alimentos em larga escala sem degradação do meioambiente, as grandes migrações, os novos paradigmas do trabalho com a forte automatização advinda dos avanços das tecnologias de informação e comunicação, as doenças endêmicas e pandêmicas, a pobreza e a desnutrição em países periféricos, dentre tantos outros. A pandemia de covid-19 mostrou a importância das contribuições das universidades públicas brasileiras para mitigar seus efeitos, por meio da proposição de centenas de projetos em todas as áreas. Na UnB, mais de 200 projetos foram propostos e quase todos estão sendo executados, o que vem contribuindo decisivamente para que o país atravesse esses tempos difíceis.

 

A comunidade da UnB mostrou resiliência, criatividade e resistência com a substituição rápida dos seus modelos de trabalho, apesar de todas as dificuldades. Caminhos diversos foram construídos e permitiram que o ensino, a pesquisa e a extensão seguissem, apesar da necessidade do isolamento. No contexto da tragédia da perda de mais de 600 mil pessoas e de milhões de pessoas doentes, o trabalho intenso de cada um e de cada uma permitiu que nos aproximássemos mais da sociedade, por meio dos nossos projetos de enfrentamento da pandemia de Covid-19, além de outros. A UnB, em conjunto com as demais universidades públicas brasileiras, a partir da sua base forte em pesquisa, vinha atuando de maneira consistente no contexto internacional, enquanto tínhamos políticas de apoio às atividades de pesquisa, no país. É essencial compreender que não há inovação sem produção de conhecimento que, no Brasil, é feita nas universidades públicas.

 

A UnB sempre defenderá, com sua excelência acadêmica, a nossa Ciência brasileira!