Neste 8 de março, celebramos o Dia Internacional da Mulher, uma data que simboliza nossa incessante busca por um mundo mais justo e igualitário. Reconhecemos o papel fundamental desempenhado pelas mulheres na construção de uma nação digna e democrática.
Em sintonia com a campanha da Organização das Nações Unidas (ONU) deste ano – "Invista nas mulheres: acelere o progresso" –, destacamos a urgência de promover a participação feminina em todas as esferas da sociedade, na educação, na ciência, na economia, na política e onde mais for necessário.
Dados divulgados pela ONU mostram um cenário alarmante, no qual as mulheres têm apenas 64% dos direitos legais dos homens. Mais de 50% das mulheres que trabalham estão no mercado informal, enfrentando uma disparidade salarial de 20% em média. Estudos indicam que a redução da desigualdade de gênero poderia resultar em um aumento de 20% no PIB do país.
Hoje, as mulheres dedicam três vezes mais tempo a trabalhos não remunerados, como o cuidado com a casa e os filhos, em comparação aos homens. Se atribuíssemos um valor econômico, essas atividades representariam 40% do PIB. Reconhecer os direitos das mulheres como um investimento é crucial para criar soluções transformadoras que permitam a elas exercer seus direitos e prosperar.
Neste ano, o governo federal lançou a Agenda Transversal de Mulheres 2024-2027. O documento elenca desafios e ações em cinco dimensões: viver sem violência; autonomia econômica; igualdade de decisão e de poder; saúde e ambiente; e capacidade institucional. A iniciativa representa um passo significativo em direção à igualdade de gênero. São R$ 14,1 bilhões previstos na Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2024 para o programa, investimento mais do que necessário.
A violência contra a mulher não deve jamais ser menosprezada. É triste e alarmante, em seus diversos modos e ocorrências, no DF e em todo o país. Dados de pesquisa recente do Instituto DataSenado em parceria com o Observatório da Mulher contra a Violência (OMV) mostram que 68% das brasileiras têm uma amiga, familiar ou conhecida que já sofreu violência doméstica. Em 2023, a Secretaria de Segurança Pública do DF registrou 34 feminicídios consumados, 885 crimes de estupro e mais de 960 casos de importunação e assédio sexual. O machismo precisa ser coibido. Os agressores, punidos. As mulheres querem paz e voz.
Na Universidade de Brasília (UnB), buscamos promover a presença e a atuação das mulheres. Temos orgulho de conquistas que refletem a nossa dedicação ao combate à desigualdade de gênero na educação, na ciência e no mercado de trabalho.
No Vestibular 60+, iniciativa inédita no país, criada pela UnB para dar acesso ao ensino superior a pessoas com 60 anos ou mais, as candidatas foram 59% dos concorrentes. Entre estudantes que já estão conosco, contamos com mais de 50% de mulheres na graduação e no mestrado. Além disso, na Administração Superior, na maior parte dos quase oito anos de gestão, as mulheres foram maioria entre decanos. Hoje temos o mesmo número de homens e mulheres.
Ainda somos, no entanto, minoria entre os docentes, representando 45%. Na graduação, apesar de representar a maioria em 51% dos cursos, a presença feminina é inferior a 25% em áreas como física, matemática e engenharias. E apenas 31% das pesquisadoras 1A do CNPq são mulheres. Trata-se de recorte que está aquém da verdadeira capacidade das mulheres, consequência concreta das barreiras impostas a nós pela discriminação e o preconceito.
Para incentivar e garantir o bem-estar das nossas técnicas, estudantes e docentes, implementamos várias ações na UnB em prol das mulheres, entre elas: a criação do Programa Auxílio-Creche para estudantes de graduação em 2017; a resolução que assegura direitos às estudantes de pós-graduação em licença-maternidade; o fim à proibição de gestantes morarem na Casa do Estudante Universitário (CEU); a aprovação da Política de Prevenção e Combate ao Assédio Moral, Sexual, Discriminações e Outras Violências; e o lançamento do primeiro edital Mulheres e Meninas na Ciência: o futuro é agora, cujo objetivo foi fomentar projetos de extensão que incentivam a participação feminina nas áreas de ciência e tecnologia.
Neste 8 de março, a Secretaria de Direitos Humanos (SDH) da UnB, que abriga nossa Coordenação dos Direitos da Mulher, lança o curso "Maria da Penha Vai à Universidade", ampliando nosso compromisso com um ambiente acadêmico e social seguro e inclusivo. Esta iniciativa faz parte da Programação da Igualdade de Gênero nas Universidades – ODS5, construída coletivamente pelo Decanato de Extensão (DEX), Decanato de Gestão de Pessoas (DGP) e SDH, com a participação ativa da comunidade acadêmica ao longo do mês de março.
No mundo, no país e em Brasília, é momento de comemorar com alegria e renovar com rigor o pensamento acerca das formas mais eficazes e contundentes para reverter as injustiças cometidas diuturnamente contra as mulheres. Juntas, avançaremos ainda mais nesta jornada rumo à equidade de gênero – pra fazer a diferença.
Márcia Abrahão
Reitora
Enrique Huelva
Vice-Reitor