Mais um #8M nos convida a refletir sobre a luta histórica que as mulheres travam pela igualdade de gênero e de como essa luta é necessária todos os dias. Ontem (7), o secretário-geral da Organização das Nações Unidas, Antonio Guterres, declarou que a igualdade entre mulheres e homens levará 300 anos para ocorrer. O cenário é desolador e constrangedor para as mulheres, que têm sido protagonistas de mudanças significativas na história do mundo.
As últimas eleições no Brasil foram decididas pelo voto feminino. Graças a isso, as mulheres passarão pela data de hoje com melhores perspectivas de serem mais respeitadas e valorizadas. Na ciência, a sensação é a mesma: iniciamos 2023 sem pôr em dúvida o método científico e com reajuste nas bolsas de pesquisa e de pós-graduação. Além de, pela primeira vez na história do Brasil, com mulheres à frente dos ministérios de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTi) e da Saúde, as ministras Luciana Santos e Nísia Trindade, respectivamente, e outras nove ministras.
Como instituição de ensino superior pública, a Universidade de Brasília tem a responsabilidade e o compromisso de promover a diversidade e a justiça social plenamente. Para nós, interessa permitir o acesso e garantir a permanência de mulheres e meninas no ensino superior e no mundo científico de maneira mais igualitária. Somos uma comunidade em que 52% das estudantes são mulheres, somos 45% entre docentes e 51% das técnicas administrativas. Entre os técnicos e técnicas, são as mulheres as mais qualificadas, com 78% tendo especialização, mestrado ou doutorado. Gostaríamos de expressar a nossa admiração e respeito por todas as mulheres que fazem parte desta comunidade.
Pelas mulheres, a UnB tem avançado em questões fundamentais dos direitos humanos. Em um esforço conjunto institucional, lançamos recentemente o edital inédito “Mulheres e meninas na ciência: o futuro é agora”, para fomentar projetos que incentivem a participação de mulheres nas áreas de ciência e tecnologia. Está prestes a ser votada pelo Conselho de Administração (CAD) uma proposta de Política de Prevenção de Combate ao Assédio Moral, Sexual, Discriminação e outras violências.
Ano passado, criamos a Secretaria de Direitos Humanos. Em 2021, criamos a Câmara de Direitos Humanos e aprovamos uma política de direitos humanos na UnB. Já temos ótimos resultados da Política e do trabalho da Câmara. Em 2020, ampliamos os prazos para que docentes com produções científicas e estudantes de pós-graduação grávidas não tivessem prejuízos nos estudos. São conquistas adquiridas depois de muito debate e intensa participação da nossa comunidade.
Com recursos de emenda parlamentar da Bancada do Distrito Federal, uma creche, designada de Centro de Ensino da Primeira Infância (Cepi), e um Centro de Pesquisa em Primeira Infância começaram a ser construídos na UnB em 2022. Este ano esperamos entregar as obras e iniciar as atividades.
Mesmo em um cenário pouco propenso à educação pública superior, de sistemáticos ataques ao nosso orçamento e à nossa reputação, a UnB avançou. Tendo à frente pela primeira vez em 60 anos uma mulher e ex-aluna, a UnB mostra que está disposta a avançar ainda mais nas políticas para as mulheres.
Esperamos que realmente possamos respirar ares mais democráticos e trabalhar por políticas públicas que tragam avanços e coloquem as mulheres como protagonistas, deixando para trás a atual realidade do DF e do país de violência e desrespeito pela vida das mulheres. A luta é diária, e o debate deve ser constante.
Queremos uma UnB mais justa, segura, inclusiva e humana. Junto com a equipe da Administração Superior, estamos atentos e procuramos não desperdiçar nenhuma oportunidade de propor ações que garantam a democracia, a pluralidade e o respeito à diversidade. Reiteramos o compromisso da UnB em promover ações e políticas para a eliminação de todas as formas de violência e discriminação contra as mulheres.
Recebam a nossa admiração. Parabéns!
Márcia Abrahão
Reitora
Enrique Huelva
Vice-Reitor