À Comunidade Acadêmica,
Neste 28 de junho, em que comemoramos o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIAPN+, somos mais uma vez chamados a refletir e compreender o contexto histórico que nos faz celebrar esta data. Em um país onde pessoas possuem seus direitos como cidadãs e cidadãos negados e são mortas apenas por serem LGBTQIAPN+, precisamos definir como parte de nossa missão institucional a luta por igualdade, respeito e dignidade para além de orientação sexual, identidade ou expressão de gênero.
Como universidade, lutamos pela conscientização e o acolhimento, a fim de promover a diversidade em nosso ambiente acadêmico e expandi-la até a sociedade. Em 2023, a Coordenação LGBTQIAPN+ da Secretaria de Direitos Humanos (SDH) realizou aproximadamente 200 atendimentos de membros da comunidade universitária em situação de vulnerabilidade psicossocial.
Para apoio de ações de enfrentamento à violência contra mulheres lésbicas, bissexuais e transexuais, a Coordenação lançou dois editais com seleção de bolsistas de graduação e pós-graduação. O fomento realizado para os anos de 2023 e 2024 contemplou 12 estudantes e se soma aos nossos trabalhos para criar um ambiente em que todas as pessoas se sintam aceitas, seguras e valorizadas. Além disso, anualmente, a UnB celebra a diversidade com a Parada do Orgulho.
Desde 2017, a partir de uma resolução do Conselho de Administração, a UnB garante o uso do nome social a servidores, estudantes e demais membros da comunidade universitária cujo nome de registro civil não reflita sua identidade de gênero. Uma conquista importante que respeita a diversidade de gênero.
Além de reconhecer a desigualdade, buscamos fazer promover justiça social. Cotas para pessoas trans em programas de pós-graduação já estão presentes nas faculdades de Direito (FD) e Comunicação (FAC), na Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Gestão Pública (Face) e nos institutos de Artes (IdA) e Psicologia (IP).
Também aprovamos em 2021 uma resolução que reserva vagas de estágio para travestis e transexuais. Desta maneira, conseguimos ampliar o acesso aos espaços acadêmicos para grupos historicamente marginalizados e, assim transformamos nossa Universidade, cada vez mais, em um local de conhecimento e ciência plural e representativo.
Com foco na permanência e diplomação de estudantes de graduação socialmente vulneráveis, incluindo aqueles com especificidades de gênero, o Programa de Atenção à Diversidade (PADiv), criado em 2020, oferece auxílio financeiro emergencial, uma das demandas da comunidade LGBTQIAPN+ na UnB, que frequentemente enfrenta violências e violações de direitos.
É também mais do que necessário honrar a coragem e a resiliência de todas as pessoas que, ao longo da história, foram vítimas do preconceito, da discriminação e da violência. Precisamos reconhecer a estigmatização historicamente imposta a pessoas da comunidade LGBTQIAPN+ que fere também a dignidade humana.
Ao analisarmos a taxa de empregabilidade no Brasil, vemos que apenas 4% das pessoas no mercado de trabalho formal são trans e travestis, conforme a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra). Um estudo da Antra aponta 140 assassinatos de pessoas trans no Brasil em 2023. Já o Dossiê de LGBTIfobia Letal 2024, elaborado pelo Observatório de Mortes e Violências contra LGBTI+, traz outro dado alarmante: no Brasil, a cada 38 horas, uma pessoa LGBT é morta.
Compreender esses dados e reconhecer a realidade vivida por muitas pessoas da comunidade LGBTQIAPN+ é essencial para que possamos trabalhar juntos em prol de uma sociedade mais justa e inclusiva. Na UnB, nos comprometemos a continuar promovendo ações que incentivem a diversidade, o respeito e a igualdade, garantindo que todos se sintam acolhidos e valorizados.
Celebremos este Dia do Orgulho LGBTQIAPN+ reafirmando nosso compromisso com a luta pelos direitos humanos e a promoção da diversidade. Que cada passo dado em direção à igualdade seja um tributo àqueles que vieram antes de nós e uma esperança para as futuras gerações.
Márcia Abrahão
Reitora
Enrique Huelva
Vice-Reitor